quinta-feira, abril 26, 2007
Deliro, mas sou feliz
Porque é no silêncio da noite que me invade a letra perdida da alma confusa, na estrada da evasão surge sempre a ideia de mais e de menos, perdidos na imensidão, de ser e estar, diferença escassa à maior parte do mundo, apenas uma aventura de existência, mas nada pode ser contado se não for experimentado. Como tal conto a ideologia vivida, a tristeza de não experimentar, a alegria de sentir.
Um mundo de sentimentos criados, onde tudo encaixa com a perfeição que não conhece ninguém, a perfeição do defeito, a doçura de um osso partido, acarinhado pela dedicação, a atenção única de um detalhe, o amor pelo seu todo, a possessão despreocupada e desmedida.
Mar perdido que me invades,
Nas ondas enfurecidas,
Tristezas a partilhar comigo, trazes,
Na espuma, apenas memórias escondidas.
E reviro-me, troco de capa, com o passar do minuto, com a destreza de ser, para poder estar. É nos olhos que me habito, é no coração que me oiço e é na cabeça que me faço, sempre em mundos meus, muitos… que em luta titânica disputam o protagonismo diário, em caso de empate, regem dois, por vezes três, e nesses dias, torno-me também eu muitos, muitas e até coisas. Vivo no passar de um carro ou de um caracol, com velocidades que não se conhecem nem se querem conhecer. Tropeço nas partículas de pó, ao andar na rua, vou no céu e transpiro sangue, de aflição, pela luta de não me perder.
Canta, beldade, canta!
Que te oiço de coração aberto.
Ficam nestas paredes de coração empedernido
A alegria refundida
Afinal o final dos dias não é o que se anuncia, apenas veremos com os olhos a verdade e da boca sairão as palavras certas, as lágrimas secarão, as tristezas serão factos, para que não se voltem a repetir, as alegrias as chaves de pequenos armários, onde a felicidade está dobrada com as camisolas de lã de Inverno e nas blusas de alças de Verão, onde o extremo existe, onde os medos se revelam amigos, onde caem as ilusões, e tudo, mesmo tudo, é dogma.
Traz para aqui esse caixão
Para que o limpe e cuide,
Queima o meu corpo com a morte
Enterra-me apenas o coração
Choro com vontade, choro porque quero, choro pois claro, mas é de felicidade!
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