domingo, dezembro 10, 2006

À Obediencia:




“Quero dormir. Não sei se quero a morte,
Nem sei o que ela é.
O que quero é não ser submisso à sorte,
Seja ela lei ou fé.
Quero poder nos campos prolongados
Meu ser abandonar
Aos seus verdes silêncios afastados,
Que amo só de os olhar.
Quero poder imaginar a vida
Como ela nunca foi,
E assim vivê-la, vívida e perdida,
Num sonho que nem dói.
Quero poder mudar o universo
De um para outro lado,
Como quem junta o seu viver disperso
E o ata com o fado.
Quero, por fim, ser coroado rei Do nada a que enfim vou.
Será minha coroa o que serei,
E o ceptro o que sou.”
Fernando Pessoa


Puta Arrogante

1 comentário:

Anónimo disse...

Porque mesmo os mais voluntariosos baixam a cabeça, por vezes por cansaço, por derrota, ou simples introspecção, todos nós obedece-mos, nem que seja ao intríseco que nos habita, aos nossos valores e à nossa visão.
De obediente todos temos um pouco!

Um grande bem haja!