quinta-feira, agosto 30, 2007

Do Panamá a Paris

Lá no alto erguida, de luz cedida
Naquele meio mal, meio bem,
Meia-luz, meia-dor
Lá vai a lua no alto daquele céu feito de pedra
Azul pálido, cinza rosa…
Lá vai… leva o segredo que lhe deixei,
Fria, com a testa marcada do beijo que te dei.
Sento-me na pedra que alguém de alma conspurcada
Lavou com o vigor de mil bestas,
Embebida em lixívia, deixando-a imaculada.
O cheiro do alecrim da minha infância,
Invade-me a mente e a roupa,
Deixa-me nostálgica,
Lembro-me do cuco Pedro e do pardal Simão…
Sinto a sede da água da prata que bebi,
Do céu carregado de estrelas, nas noites secas de verão.
Inocência guardada na falange do mindinho esquerdo
Que fez bolha e rebentou quando te vi…
Ferida alastrada pelo corpo e pel’alma,
Dor que veio contra mim e se agarrou.
É parede o que tenho em redor de mim?
Prendeste-me nesta angústia,
Sabes de onde me tiraste,
Fizeste de mim a tua puta,
Sabes o que me perdi,
E a inocência que me deves nunca poderás pagar.
Sabes que te amei com a intensidade dos oceanos juntos,
Rasgaste-me a alma e violaste-me o corpo.
Não esperavas a rebelião, pois não?


1 comentário:

Masturbatrix disse...

doce rebelião...rs