sábado, março 10, 2007

Um comboio às 2100

Ao contrário do que se possa pensar, por volta das 21:00, nem toda a gente está a jantar, estou numa carruagem do comboio da linha de Sintra que se encontra quase completo, por isso é bem provável que haja muita gente que não esteja a jantar, por todo o lado vejo pessoas de diferentes etnias e religiões, uma mistura de símbolos e de significados que me são estranhos, exóticos...



Finalmente o comboio apita e seguimos viagem não se sabe bem para onde. Santos é a próxima estação e é com eles que seguimos nos carris da existência, como miúdos mimados, odiamos a ideia de seguirmos sós. O pica acaba de passar, dirige-se depois para o passageiro atrás de mim e o cumprimenta com um “Viva o Benfica!”... com o nervosismo de mostrar o bilhete escapa-se-me o nome da estação em que acabámos de parar. Seguimos e espreito a ponte 25 de Abril sobre a minha cabeça e cada vez mais distante, até desaparecer por trás do Museu da electricidade. Não quero pensar nisso, mas sinto-me observado por uma Ninfa do Tejo, essa tágide de pose lasciva reflectida na minha janela tinge a paisagem de um branco impuro e um negro de morte.


O comboio apita, a viagem agora toma um ritmo infernal, violento, e a locomotiva devora os corpos que lhe servem de combustível. Acabei de tirar a mala do lugar do lado para o ceder a um miúdo bolachudo e louro que me parece moldavo, esta viagem já vai longa... por este andar, por volta das 23 estamos no Japão, mas não sem antes deixar as tailandesas que estão à minha frente, depois disso as brasileiras à minha esquerda.

Por fim chego a Paço d'Arcos, depois de ter dado a volta ao mundo neste TGV mental... e só passaram 15 minutos, que por falar nisso ainda tenho mais 15 de caminhada pela minha frente até chegar a casa.
...e dizem que o mundo está a encolher!?

Puta Obediente

1 comentário:

Anónimo disse...

gostei da ninfa ;)por vezes também a sinto...