terça-feira, março 06, 2007

Ao fundo, o eco…


É apenas o meu grito…
Escapou da minha garganta como fugitivo de um suspiro, com ânsias de ontem, de hoje e desesperado pelo amanhã.
A cabeça lateja com o raciocínio, causando agonias,

a febre sobe, a alma arranha-me o corpo,
desfazendo-me entranhas,
causando-me agudas dores,
há desespero no olhar mudo,
cria-se uma névoa densa de ilusões,
nada é real,
ao tocar, desvanece-se…
É apenas a ilusão de querer, de ser, de estar, de existir.
O tempo construído por ti, para mim, é apenas o marcador da minha falhada existência.
Comprimo o estômago num abraço meu,
Curvo-me sobre mim para me proteger, tusso violentamente e acabo a vomitar o âmago,
As lágrimas de perda ou de dor aguda,
Não sei….
Olho para ele, com ar curioso, uma bola viscosa, de cores imiscuídas,
Indefinidas…
Procuro um cheiro,
Não tem.
Com a ponta de um dedo atrevido, toco na massa amorfa,
Quente, gelatinosa…
E o grito ecoado, vem até mim com violência
Agarra-me nos ombros, ergue-me com firmeza, com as mãos ásperas que desconheço

Trago a cabeça pendente,
E cruzamos o interesse,
E com um olhar acutilante,
Explica-me… vazio e sem qualquer cuidado,
São os teus sentimentos.


Puta Valente

5 comentários:

Anónimo disse...

Adorei o final: "vazio e sem qualquer cuidado, são os teus sentimentos."
Provocou me um misto de sentimentos que ainda não consigo expor em palavras, talvez nunca conseguirei...mas não faz mal, porque as Putas percebem-me :p

sobre-nada disse...

Puta Valente, raramente gosto de poesia avulso, mas realmente gostei do teu poema.

Gracias

Anónimo disse...

Estimada arrogante, como te compreendo!
My sweet bitch!...

Estimada sobre-nada, não lhe chamo poesia, chamo desassossego regrugitado, depois de uma mastigação sofrêga.... e fiquei com a satisfação a rebolar num tapete fofo, como se de um cão se trata-se, de contentamento, por lhe ter deixado palavras coladas...

Eu é que agradeço!
Um grande bem-haja!

Anónimo disse...

Sei quem és,
Conhecer-te inquieta-me porque estás longe.
A tua ausência angustia-me.
Queria ver-te todos os dias mesmo que por um efémero segundo.
Olhar para ti e dizer-te gosto de ti, és importante e por isso sinto-te a falta.

a molécula, melancólica

Ludmila disse...

Roubaste-me audiência... lol... Já anda a Maria-Ostra e a Sobre-Nada por aqui hein...

(Isto era um comentário pseudo-humuristico... enfim... a esta hora não consigo mais)

Sabes o que não seria miragem? Abrir a porta ao amor... sem garras nem jaulas a soltarem-se das veias...


Beijo Enorme!!