Trago-te na boca, cerrada, para que não te desvaneças neste ar que respiro, trago ainda as tuas mãos no meu cabelo, tensas, que me envolvem, pedem e ordenam, sinto-te na minha pele… sinto o teu cheiro, nos meus pulsos, e nas minhas mãos, que seguraste e beijaste decidido.
O nosso suor paira no ar, evaporou e tomou formas das quais não tenho conceito.
Ainda te sinto, num tempo e num espaço desfasado com o real, ainda me tocas e arrepias, ainda me cheiras, agarras e acaricias.
Caio numa memória e agarro-me a ela. Efusiva, borbulha-me na pele que me envolve e sustenta a carne que treme, a alma que se agita, a mente que se perde.
Perco-me nos teus olhos, na tua boca e no teu corpo procuro-me, porque sei que derreti aí um pouco, e sabes que aqui deixaste um pouco de ti, somos inteiros e individuais, com um pouco de cada um de nós.
Subimos por essas escadas tortas, devagar e a correr, do alto olhamos para um sem fim de altura e agarramo-nos, não de medo por cairmos, mas de alegria por termos subido tão alto, lado a lado, por sabermos que conseguimos mais e mais, abraçados, no silêncio que nos acolhe na noite dentro, no sussurro cansado, calados.
Sei o que trazes nos olhos, mesmo sem ver, deito-me sobre o teu peito, e oiço as histórias que me conta o teu coração, por vezes ri, por vezes chora e até soluça, mas no fim, pede-me que o mime, mesmo que o teu semblante seja frio e distante assim o faço, cedeste, rebolamos mais um pouco as almas nesta promiscuidade consentida e desejada, sôfrega, muda, e gemida, tida.
domingo, junho 17, 2007
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