quinta-feira, junho 28, 2007

É peso...

Engoli um pedaço de terra escura, que encontrei no chão
senti-lhe o sabor amargo, rejubilei com os grãos mastigados
Caí no chão satisfeita
deixei a humidade da terra infiltrar-se nas minhas veias
traz ironias do mundo
e as agonias também
Agradeço sem querer, este explodir de puro sentir
com uma lágrima fugitiva
sem ideia de que mais fazer.
ergo-me lentamente, num silêncio de boca
num escândalo de corpo
arrasto-me pesada,
o movimento não me custa...
oiço os ossos a partir
a pele seca e começa a estalar,
nada me doí
não paro, mesmo ouvindo o bramir duro da terra que me pede

fica, por um instante, poderá ser eterno...

mas todo o movimento que consigo é mágico e não consigo parar
estou embevecida pelas minhas mãos,
como nunca as antes tinha visto
compridas, elegantes
começaram a perder-se em ramificações
deixo cair a cabeça, olho para o azul que me serve de tecto
Abro os braços em direcção a este maravilhoso céu
fecho os olhos e inspiro, sinto o perfume
num arrepio ergue-se todo o cabelo
sinto a felicidade
não me mexo mais.

Não vejo, agora apenas sinto, parada, o frio, o calor, as alegrias ou angústias da terra. Oiço atenta, mas nada comento, não sei como aconteceu, mas agora sou uma árvore.

3 comentários:

Anónimo disse...

Ó mulher!
Tu diz me já onde enraizastesh a modos de eu ir regar te, podar te e proteger te dos incendios!

Ai filhinha, o que te aconteceu...

Masturbatrix disse...

Waoouuu...
Arvore?
OK, não discuto....Mas podias continuar a ser puta, as duas, alternadamente, ao mesmo tempo, em orgasmos diversos...

:)

Anónimo disse...

Sou versátil, tenho sangue expansivo, estico-me e envolvo com a alma! ou será que sou espaçosa? ihhihihihi