Decidi dar um ar novo ao cabelo, na tentativa de me por de forma diferente e esconder um pouco o sarcasmo envolvido nos caracóis herdados por genes revolucionários, na esperança de os transformar num espelho nítido como os da televisão…
Lá fui ao cabeleireiro, pequenino, atrofiado, cadeiras quase em cima de umas das outras, cheio de gente, só não estavam coladas ao tecto porque parecia mal e entravam a toda a hora… com queixas de tempo, esperas intermináveis, também com esperanças de sair dali diferentes, novas.
No entretanto da infindável espera, falavam da filha do padeiro, da prima da Josefa, da Catarina maluca, olhavam de esguelha para o penteado da outra e riam-se baixinho, pérfidas, e comentavam o “capacete da velha”, depois indagavam quem era o pai da miúda que engravidou aos 19 anos… enquanto isso eu lia uma daquelas revistas cheias de publicidade, a produtos de marcas conhecidas ou a pessoas que nunca vi mais gordas na vida.
Uma hora passada e eu ainda mais passada com o zum, zum, zum frenético, o estica, estica do secador, o crech, crech, crech da escova a passar pelo cabelo e os cheiros ácidos das tintas misturados com os doces quentes das máscaras amaciadoras, levantei-me, dirigi-me à matrona do local e informei-a esgazeada que me retirava do seu estabelecimento, que mais parecia a concentração do jornal local, olhou para mim com ar mais esgazeado que o meu e disse-me que lamentava, mas que era melhor, não fosse a minha alma ficar conspurcada com aquela estranha panóplia indestrutível!…
O cabelo? Acabei por entrar à pressa noutro antro, que a esperança é a última a morrer, estavam à minha espera com forças e armas, agarraram-me a cabeça e tentaram matar-me os caracóis, mas a esperança revelou-se entibiada e corri para a minha vida com um cabelo pouco fashion TV, ainda com conversas de salão de cabeleireiro a ecoar na cabeça, a revolta deu-se e os caracóis voltaram!
Lá fui ao cabeleireiro, pequenino, atrofiado, cadeiras quase em cima de umas das outras, cheio de gente, só não estavam coladas ao tecto porque parecia mal e entravam a toda a hora… com queixas de tempo, esperas intermináveis, também com esperanças de sair dali diferentes, novas.
No entretanto da infindável espera, falavam da filha do padeiro, da prima da Josefa, da Catarina maluca, olhavam de esguelha para o penteado da outra e riam-se baixinho, pérfidas, e comentavam o “capacete da velha”, depois indagavam quem era o pai da miúda que engravidou aos 19 anos… enquanto isso eu lia uma daquelas revistas cheias de publicidade, a produtos de marcas conhecidas ou a pessoas que nunca vi mais gordas na vida.
Uma hora passada e eu ainda mais passada com o zum, zum, zum frenético, o estica, estica do secador, o crech, crech, crech da escova a passar pelo cabelo e os cheiros ácidos das tintas misturados com os doces quentes das máscaras amaciadoras, levantei-me, dirigi-me à matrona do local e informei-a esgazeada que me retirava do seu estabelecimento, que mais parecia a concentração do jornal local, olhou para mim com ar mais esgazeado que o meu e disse-me que lamentava, mas que era melhor, não fosse a minha alma ficar conspurcada com aquela estranha panóplia indestrutível!…
O cabelo? Acabei por entrar à pressa noutro antro, que a esperança é a última a morrer, estavam à minha espera com forças e armas, agarraram-me a cabeça e tentaram matar-me os caracóis, mas a esperança revelou-se entibiada e corri para a minha vida com um cabelo pouco fashion TV, ainda com conversas de salão de cabeleireiro a ecoar na cabeça, a revolta deu-se e os caracóis voltaram!
Não se aguenta!
Puta Valente
1 comentário:
Mas porque tentar aniquilar tamanha estrutura helicoidal que habita o teu couro cabeludo?!
Ficas bem assim parigah! É, portanto, perfeitamente natural que perante tal ameaça os caracois se unam e se revoltem!
Quanto aos estabelecimentos que referiste, apesar de estar habituada aos mais sujos antros da noite, sinto me francamente desconfortável em tais estaminés...daí frequenta-los somente quando a necessidade é imperiosa!
beijos da Puta Arrogante
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