Reflexo?...

Embutida em mim, vestida de música quieta, de notas estagnas em pautas de gelo.
nos pés trago a lama que pisei, quando corri para ti,
nas mãos réstias de folhas secas, o cabelo, encrespado de tanta revolta,
na pele, trago o teu cheiro
venho embutida em mim, as palavras ficaram paradas na minha expiração matinal, na condensada e fria humidade,
essa que entra na pele, com intenções invasoras,
tal como tu, prevaricaste a minha essência
respiro-te junto à pele
e não entendes o quanto te quero,
apenas perguntas o porquê de não te querer,
não percebes q não passo de mim mesma
perdida em mundos por mim criados,
onde num deles és rei
eu sou escrava
onde cedo, caio, dou
perco a noção de um “eu” que trago ao peito com orgulho
de um “eu” que perde valor ou razão
e toda a sua opinião rola em ravinas pejadas de morte
e toda a minha vontade é tua
e toda eu estremeço…
vem… ate mim, sussurra-me ao ouvido o quanto me queres,
marca-me com as tuas mãos, grandes, que sustentam o meu coração
embriaga-me com o teu hálito quente, adocicado
vem… eu espero…
voltarei a correr, pela mesma lama, pelo mesmo mundo, voltarei a perder-me de mim,
com os olhos perdidos num espelho,
vendo um reflexo que não reconheço como meu, pergunto, que és,
de lá responde-me, sou tu, mas muito mais forte…

Puta valente