Quem me dera ser um grão de areia
no meio de um enorme deserto esquecido,
sem desejos, promessas ou paixões.
Colocar no bolso,
dobradas em quatro,
num papel vadio
as tristezas e alegrias,
até perderem a forma física de lágrima, ou de sorriso.
Tornar-me pequena,
insignificante,
apenas capaz de reflectir a luz recebida do sol,
imperceptível…
quem me dera esquecer a dor do violino,
a voz lírica,
quem me dera deixar resvalar as palavras da boca,
sem articulação,
como um despejar de lixo.
Perder a memoria, perder as emoções.
Quem me dera nada ter, para nada lamentar.
Quem me dera simplesmente
não ter o gosto da vida na língua que fala
e na mente que não pára.
Puta Valente
1 comentário:
É...Um fado corrido pelos dias do nosso Calvário.
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