Sai de casa à pressa, vesti o sobretudo que tanto pesa, mas com o frio que trago na carne e na alma, sei que me será útil.
Caminho pela rua movimentada da urbe, encolhido em mim, levo as mãos nos bolsos, num bolso tenho a carteira e as chaves do carro, no outro, trago vermelho…
Tiro devagar as chaves do carro, e devagar entro nele, devagar parto… vou decidido procurar uma puta.
Sei onde as encontro, mas hoje quero um anjo, que há muito me escapa, por não ter eu a coragem de me aproximar, por saber o quão difícil é leva-la dali… esta tem segurança, tal como a sua higiene e saúde são garantidas, e tantos outros condicionamentos que me levaram a preparar tudo com mais cuidado.
Ela sabe que vou até lá, programei esta noite, falei com o “ segurança”, negociei com bom dinheiro… vi-lhe o brilho nos olhos ao mencionar os zeros… desconfiou, mas convenci-o com o meu ar de homem solitário, rico e discreto, com uma paixão platónica por uma das suas putas. Não lhe pareci inofensivo, pelo contrário, consegui a sua pena e a autorização para a levar dali.
Vou leva-la a passear, aposto que as suas noites são passadas, num mesmo quarto fétido de uma pensão vadia, em que não tem tempo para sair da cama, e o cheiro de vários lhe invade o espírito de puta, tentando ignorar que e simplesmente um objecto sexual, desejada pelo uso, pela disponibilidade, pela fragilidade. E também pela sua pele plácida, cabelo negro brilhante, cheio de ondas carregadas de volúpia, boca fina, olhos grandes de um verde-claro que lembra o mar nos dias de verão passados em praias vicentinas.
È livre de fazer o que bem entender durante o dia, pode ir as compras, onde compra o que quiser, pode dormir, ir ao cinema, ao teatro, qualquer coisa, desde que dentro dos limites impostos e sempre com a devida vigilância; não pode contactar a família e convive apenas com as outras do bordel; saem em grupo e são desdenhadas pelas beatas ao passar… estão habituadas, pois sabem que mesmo lavadas, tem o cheiro do sexo fortuito na pele perfumada.
Chego ao local combinado, lá está ela, com um vestido laranja que lhe realça as ancas, o seu grande potencial, o decote é em “V” sobressaindo as redondas e pequenas mamas; traz as unhas pintadas de um vermelho repetido com o dos lábios finos, rectos e duros, parece-me contrariada… Ao seu lado um dos “seguranças” que a acompanha até ao carro, abre-lhe a porta, ela senta-se e ele olha-me nos olhos, e num jogo de intimidação, dão-se os segundos de silêncio, saltando a respiração máscula e cospe as seguintes palavras “a devolver as horas combinadas, nem mais, nem menos…” meneio a cabeça, espero que cerre a porta com a sua brutalidade inerente que muito em putas bateram, continuam a bater e continuarão…
Espero que coloque o cinto de segurança, procuro-lhe os olhos, e de fugida vejo-lhe a indiferença. A indiferença pela sua condição de vendida, pela sociedade, e acima de tudo, a indiferença por si própria.
Incomodou-se com o silêncio, enterrou o corpo miúdo no banco maior que si, e decidida começou a falar, explicava-me as condições, o uso obrigatório do preservativo… interrompo-a perguntado calmamente se está nervosa, responde-me de imediato que sim, - é normal… - digo-lhe, e assim renovei o silencio, quebrado por mim, quando parei no miradouro da cidade, dali senti-me tão grande.
Convidei-a a sair do carro, a noite estava quente, e o vento soprava calmo, expliquei-lhe a minha ideia, que tencionava possui-la no capôt do carro, não pretendia muito mais dela que me fingisse algum carinho, e que se deixasse dominar por mim. Deu-me o seu consentimento para troca de beijos, prática pouco usual, mas…
- Pediram-me para te tratar bem, e que te cedesse com facilidade, pois pagaste muito bem e a pronto. Não sei quanto, mas deve ter sido bastante…
- Nem interessa. Vem cá…
Aproxima-se de mim, lenta, pouso-lhe as mãos nos ombros, percorro-lhe as curvas, até ao limite do vestido que tiro num movimento; protege as mamas com os braços, não de frio, mas com um pudor que me excita ainda mais. Tiro o sobretudo, coloco-o em cima do capôt, para nos servir de leito, volto-me para ela novamente, ainda abraçada a si, com violência afasto-lhe os braços cruzados e protectores, vislumbro um par de mamas fenomenais, brancas, como as putas francesas… atirei-me a elas com toda a sofreguidão, abocanhei-os como se fosse um crocodilo do Nilo, larguei-lhe os pulsos e vilipendiei-a entre pernas com dois dedos, fundo e agressivo, até ouvir o gemido de dor, mesclado no prazer de cabeça toldada para trás… fraqueja as pernas, seguro-a pela cintura, viro-a de costas para mim e mordo-lhe o pescoço, empurro-a contra o capôt, onde estende os braços ao alto formando um “V”, como o seu decote, e com as pernas um “V” invertido perfeito, deliciando-me com a visão do seu âmago feminino, sinto-lhe o cheiro da excitação.. penetro-a com ganas, ergue a cabeça e liberta um grito:
- AAAH!
Agarro-a pelas ondas dos longos cabelos, chego-me ao ouvido e pergunto-lhe:
- Gostas, puta?
- ãh-hã…
Continuei as investidas, violentas, duras, cerro os olhos e vejo vermelho, viajo pela cor líquida, sinto o calor da cor nas mãos, sinto o cheiro, atinjo dos orgasmos mais violentos da minha vida e cheio de prazer…
Ainda ofegante, mas mais calmo, de mãos apoiadas, abertas, libertas de culpas, abro os olhos, vejo o corpo de pele plácida, inerte é minha frente, chego-me mais perto, deito-me sobre aquele quente excitante, sinto-lhe o cheiro férreo. Corre o sangue, lento.
Estou tão feliz que a cova que fiz é a maior que alguma vez cavei, proporcional com o prazer conseguido. Atiro para lá este peso, que agora não passa disso. Perderá o encanto que um dia o mundo viu… Retiro a matricula falsa do carro, volto ao meu mundo asséptico, e parto em direcção a casa, bem longe daqui.
“A esta tinha que a livrar da dura vida que levava, coitada…” penso para comigo, estou orgulhoso, feliz e com vermelho os olhos.
3 comentários:
uii
a mi me gustan estas historias de lo asesino rojo :)
puta arrogante
http://www.guiadanoite.com/
Feliz transposição de género a que aqui nos deixaste;)
bj
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