terça-feira, agosto 21, 2007

Desapareço

Dissolvo-me, em ácidos ferventes e frios
perco-me numa imensa liquidez transformista de realidades,
perco a forma e a cor, deixo de ser,
fico embutida em paredes rugosas,
que se movem com a vontade alheia,
e me engolem com sofreguidão.
Desapareço ao milímetro
com o passar de um milhão de anos,
e assim perco uma imensidão de mim,
com o bater do segundo no coração,
perdendo a garra do leão,
sem conseguir olhar para a lua e sentir na pele a luz do dia.
Tropeço nas pedras do caminho de areia fina,
são de pó os meus pés, é efémera a minha matéria,
a minha vontade é mais dura que aço betonado,
trago na janela posta uma porta blindada,
das mãos faço cilindros
e atiro-me com o rugir de uma coragem que não parece minha, mas do mundo.
Dissolvo-me na sociedade,
perco gotas de sangue no silêncio da escada e da estrada,
perco-me nas vielas e encontro-me em janelas furtadas,
espreito luzes e ando em sombras minhas e esquecidas,
mudo com o tempo e sinto na pele a incapacidade de ser sem querer, e de querer sem gritar…
são gritos o que trago no olhar, na boca muda, apenas um beijo, que nunca será para dar, apenas para morrer.

4 comentários:

Anónimo disse...

bananas!

Abssinto disse...

Valente post (a recuperar..)

bj

Masturbatrix disse...

Com uma pena destas, tu é que ganhavas uns trocos valente(s)...

Anónimo disse...

Karvoeiro_Bananas?... Gosto mais de tomates, obrigada e bom proveito :)

Abssinto_de facto sinto-me a recuperar, volta a mim aquela veia de alienada...
Finalmente a voltar ;)

Masturbatrix_ É um mercado difícil esse de penas soltas, o do sexo também me preenche e é mais viável. ;)