Como?

Noite quente, janela aberta, brisa do mar envolve meu sentidos… sinto-te perto demais… penso… “está calor… afasta-te!”, lentamente aproximas-te de mim como se tivesses ouvido meus pensamentos e dissesses “quero-te com calor ou com frio!”… Emaranhada no meu sonho… deixo-me ir! Contorcemo-nos na cama como se fossemos um só… percorres meu corpo com teus dedos… um arrepio percorre minha pele… gotas de suor tocam minha boca, depositando o gosto salgado de teu ser… enterro minha unhas em tuas costas e sinto-te em mim… corpos lubrificados pelo desejo e pelo calor… não o que se faz sentir lá fora, mas o calor que emanamos de nossos corpos! Corro numa estrada sem fim… olho em volta e não tenho mais para onde ir, só posso seguir em frente… Sinto uma angustia estranhamente boa. Não tenho mais saída mas… gosto da ideia de não ter! O dia passa para a noite, a noite a dia, vento e chuva transformam-se em furacões intensos que não me assustam… nada temo! Calor intenso queima meus pés, na estrada de alcatrão em que me encontro… mas … sinto-me bem! A dor transforma-se em prazer… À medida que corro, o cenário muda constantemente… quero acabar o caminho mas a estrada não tem fim…. Corro cada vez mais depressa… até que deixo de sentir o chão… Sobrevoo a estrada à velocidade da luz… nada pode impedir-me de alcançar o fim…
Grito sonoro acorda-me de súbito! Estavas em mim, em cima de mim… sinto o calor da tua lubrificação escorrer em mim… olhas-me… aconteceu! Acordamos os dois ofegantes, com o tremor que só o prazer proporciona… penetras-me com o teu olhar perguntando sem vociferar “que aconteceu?”, respondo em silêncio absoluto, “acho que fodemos!”… Saio calmamente debaixo ti… visto-me, olho para ti, permaneces deitado com olhar vago… Bocejo preguiçosamente e desejo-te uma boa noite!

Puta Bifida