Quantidade de água gasta, na tentativa de lavagem dos pecados dúbios, ora pelo bem, ora pelo mal; os piedosos e os maldosos, reuniram-se nas grutas escuras da essência terrestre e sussurraram as maleficências do corpo, e da mente.
Perdidos em filosofias, sem efeito, forma ou coração, racionalidade ou sentimento, acabaram a descurar o respeito mútuo, cobiçaram as formas que não viram; soubessem eles que os maldosos são corcundas e os piedosos pelados, com cabeça de porco, não se tocariam, mas o mundo é movido por desejos, e pela energia dispendida na concretização dos mesmos; acabaram colados, no maior bacanal que o interior da terra alguma vez assistiu, como nunca nos passará pela cabeça, o que a imaginação não poderá alcançar, copularam, numa cópula inatingível, gemeram de dor, essencialmente, mas muito de prazer, gritaram incompreensíveis comunicações, rugiram animalescos, e carnes arrancaram…
Romperam-se lavas profundas, arderam florestas perdidas, derrocaram montanhas solitárias, dilaceraram entranhas próprias, terminou tudo numa calmaria, onde o silêncio foi o companheiro da guerra travada; piedosos e maldosos, estendidos, no escuro, comidos, esgotados, prenhes da pior essência que se veio a conhecer, o Homem.
Com o que nunca se pensa ver, vê-se de tudo, com a venda nos olhos, um mundo triste, amolgado, florido, crescido, com a bola de carne no cerne, e a força de mil leões, recostados na savana, numa sombra vadia, que ora está, mas não pertence a nada, nem ninguém.
De costas voltadas ao dito, não sabe, não vê, não crê, simplesmente cresce selvagem, cabelos ao vento e ideias voláteis, dores de dentes ou de costas, pouco importam, não há nada maior que a dor de alma.