domingo, junho 17, 2007

Não fales com estranhos…

No piso incerto da rua, encontrei numa frecha entre pedras, das que nada mais conhecem além daquele espaço e do peso do mundo, um pedaço reluzente de papel, não consegui evitar a curiosidade, que me dizia baixinho ao ouvido, pega-lhe… cedi, segurei a medo o tal papel, que se desfez de imediato nos meus dedos, tinha um ar fluorescente e pegajoso, assim desfeito, tentei ver-me livre daquela substância, sacudindo a mão, passando pela roupa, com uma certa aflição… mas nada, aquela matéria colou-se aos meus dedos, teria de sair com água, pensei, corri para casa, para me ver livre da pegajosa… pouco depois, já de chave em punho reparo, tinha desaparecido, sem entender como, verifiquei tudo o que trazia comigo, não fosse estar colada em qualquer parte da minha indumentária, mas nada, sumiu. Mais descansada entrei em casa, larguei a roupa que me carregava no corpo, e fui para a banheira, e foi aqui que tudo começou, comecei a sentir-me excitada, sem qualquer ideia, sem qualquer estimulo, apenas a minha existência… subiu a temperatura e comecei a sentir o sangue a latejar no baixo ventre e entre pernas, não resisti, pendurei o chuveiro, que deixava cair água tépida na minha pele a uma velocidade dócil, e deixei cair as minhas mãos pela minha pele, acariciei os mamilos, caí de joelhos, devagar, separei as pernas e iniciei a minha busca pelo prazer urgente… acariciei o clítoris, devagar, senti a densa humidade que vinha de dentro de mim, introduzi um dedo e rodopie-o lentamente, retirei-o e voltei, mas desta vez com dois, sem as pressas do mundo, sem porquês, apenas baixo a água que me caia nas costas, no peito, no pescoço… a respiração acelerou, mas mantive a velocidade, a respiração descontrolou-se e o corpo tremeu, comecei a gemer baixinho e depois cada vez mais alto, nunca aumentei a velocidade, mas pressionava cada vez mais a minha mão, e sem esperar o quando, aconteceu, senti as contracções violentas nos meus dedos, lancei a cabeça para trás e libertei um grito que me pareceu durar eternidades. Seria aqui que a minha mão parava, mas não, continuei, voltei a acariciar o clítoris, e com a mão que me sobrava o corpo, tudo tão devagar… a dança recomeçou e voltei a tremer, a gemer e a gritar. Não estava satisfeita, decidi sair da banheira e arrastei o corpo até ao quarto, deixei-me cair na cama, de costas, flecti as pernas e continuei a minha viagem por orgasmos intensos, sem parar, uns atrás dos outros, a minha libido fervente, pedia-me mais e mais, e em nada cansada, continuei esta viagem até perder a consciência, sem saber quantos orgasmos tive, quantos gritos dei, quantos arrepios senti, ou quantas vezes o corpo tremeu, só acordei no dia seguinte, com os pardais da cidade em arrelia constante, tinha a pele fria e o corpo dormente, estava numa posição de rendida, das que nos atiram o corpo para o primeiro espaço e deixa o sono invadir-nos, estranhei, sentei-me, olhei para o lençol e estava com uma mancha fluorescente…

5 comentários:

Anónimo disse...

Desses "papéis" não encontro eu...

Puta disse...

Ai Puta que incorporas-te uma nanha de uma criatura X-fileriana!! Mas olha...muito maravilhoso!! diz lá em que rua foi?!?!

Puta Bifida

Abssinto disse...

A masturbação no feminino é poética, é sensível, chega a ser cinematográfica, mas agora a dos homens, parecemo-nos sempre com orangotangos, que tristeza.

Texto brilhante, p.
bj

Anónimo disse...

Por acaso, é de uma beleza sublime, auto-satisfação no feminino... erotismo latente, é só o que consigo pensar ao absorver essas linhas...


Cumps
Byte Surgeon

Anónimo disse...

Putas, foi delirante, terá sido sonho? Foi bom. Se extraterrestre, não sei, luxuriante, garanto... Bífida, voltei aquela rua, mas não voltei a encontrar...

Abssinto_ brilhante é a tua alusão... orangotangos LOL a urgência que vos habita... bastante apreciada por nós, mulheres, não se deixem enganar. ;)

Byte Surgeon_ por agora é tudo? Foste rápido... ;)

Cordiais saudações