sábado, dezembro 09, 2006

Tenho-te entre dedos

Senta-te ao meu lado
Fica
Não deixes que te arranquem de mim
Explica-lhe que o que nos une e é tão forte como portas blindadas
E imenso quanto o oceano
Explica-lhe os arrepios que nos param o tempo com a doçura de um expesso caramelo
Não te deixes levar para longe de mim, fica.
Se te leva ficarei além de uma imensidão que não se consegue imaginar
Cairei em vontades de cair e em silêncios barulhentos
Apenas meus, porque sou dependente deste suave e carinhoso morno de leite a meio da noite Deixa-me um mapa do teu rosto
Para que o sinta com a ponta dos meus dedos
Tal como fazemos quando estamos juntos Reconhecer-te-ei com os olhos fechados
Sempre, mas temo perder a imagem gravada na pele
Deixa-me também um frasco com a tua essência
Para que a aspire todos os dias de inicio pelas manhãs carregadas de orvalho fresco
Perco-me na imensidão da tua alma
Porque alcança os mais proibidos e apetecíveis ninhos
Queima-me com o teu beijo para que fique de pele marcada
Para todo um sempre que nos separa
Vem ver a minha alma de vez em quando
Cantará melodias com o teu nome gravado
Partiste, deixaste que te levassem
Resta-me a vontade de te ter
A capacidade desengonçada de continuar sem ti
Loucura que procura a melodia do teu sorriso, que te vê o andar no vento de inverno, que te sente a força na mais forte gargalhada
Insana criatura
Perdi-te, mas tenho-te, entre dedos, como tenho a água na mão
Cativa-me, não me percas, não vás, não deixes que te levem...
Senta-te e fica mais um pouco a olhar para esta estrela que te convida a partir.

Puta Valente

2 comentários:

Anónimo disse...

Parece que lês almas...
Sinto me um pouco assim todas as semanas... perdida e desengonçada porque quem mais amo vai de novo para longe...

Ludmila disse...

Tão lindo...

mesmo...

(...) Só me apetece colocar reticências, fatalidade de ficar 'cheia' de algo.

Quando fôr grande quero ser Presidente do Mundo para publicar tudo o que escrevas. (Mas entretanto... havias de pensar nisso... não vá dar-se o caso de não crescer mais do 'isto' :) )

Beijo